15 de Abril – Compra dos Livros ✔
15 a 22 de Abril – Leitura do Livro I da Sociedade do Anel ✔
22 de Abril – Escolha das caracterizações a serem analisadas. ✔
23 a 29 de Abril – Leitura do Livro II da Sociedade do Anel ✔
30 de Abril – Escolha das caracterizações a serem analisadas. ✔
1 de Maio – Assistir o primeiro filme da série. ✔
2 a 6 de Maio – Fazer comparações de cenas com descrições. ✔
9 a 20 de Maio – Leitura do Livro As duas Torres.
21 de Maio – Assistir o segundo filme da Série.
22 a 27 de Maio – Fazer comparações de cenas com descrições.
28 de Maio a 12 de Junho – Leitura do Retorno do Rei
Assisti ao DVD Versão extendida de "A Sociedade do Anel". Essa versão contem algumas poucas cenas extras, mas é mais fiel ao livro que a versão liberada para o cinema. Acreditei ser melhor objeto de análise, já que trazia alguns poucos detalhes de descrições que enriquecem os cenários e personagens.
O primeiro filme cobre os Livros I e II de "A Sociedade do Anel", reproduzindo inicialmente a história contada do anel, logo passa para a chegada de Gandalf no Condado, trazendo a despedida de Bilbo, a entrega do Anel para Frodo, Conselho de Elrond, partida para Moria, chegada a Lothlórien, revelação de Boromir e finalmente a divisão da sociedade e ataque dos Uruk-Hai, dando fim a esse primeiro título da série.
Box versão extendida
Essa versão tem 2 horas e 58 minutos de filme, com qualidade muito superior (Blu-ray) e facilitou para que eu pudesse tirar Print Screen das imagens. Gostaria de poder "recortar e colar" cenas do filme para deixar como exemplo, mas a política do Youtube não permite reprodução completa ou parcial de material protegido. Assim, limitei-me a separar as cenas do filme já escolhida anteriormente (nos meus 2 últimos posts) e tirar Print Screen durante sua reprodução.
Cena 1:
J.R.R.Tolkien. O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel. Martins Fontes, São Paulo, 2009. (Página 25)
"No final da segunda semana de setembro, uma charrete passou por Beirágua, vinda da ponte de Brandevin em plena luz do dia."
"Um homem a conduzia, sozinho. Usava um chapéu azul, alto e pontudo, uma longa capa cinza e um cachecol prateado."
"Tinha uma longa barba branca e sobrancelhas densas que sobressaiam da borda de seu chapéu."
"Crianças Hobbit seguiram a charrete pelas ruas da Vila dos Hobbits e colina acima."
"Era um carregamento de fogos de artifício, como eles muito bem adivinharam."
"Na porta da frente de Bilbo, o homem começou a descarregar: Havia grandes pacotes de fogos de artifício de todos os tipos e formatos. Cada um rotulado com um G grande e vermelho e ** e com a runa élfica, **"
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No filme, Gandalf chega à Vila sozinho, mas Frodo encontra-o antes de cruzar a ponte.
Fato não descrito no livro. Logo o mago continua viagem e sua caracterização segue a linha trazida pelo livro, com exceção do "cachecol prateado" não presente no filme, além da capa e do chapéu terem a mesma cor (um cinza azulado, meio termo para a descrição do livro, que traz cada um de uma cor).
Para a descrição dos fogos de artificio o produtor encontrou uma maneira inteligente, ligando esta cena à das crianças perseguindo a charrete. Assim, ao fazer os fogos explodirem de dentro da carga que Gandalf carregada, interpretamos como se lá dentro houvesse os fogos, sem necessariamente ter de explicar isso com palavras (como faz o livro).
Ao contrário do livro, o filme não mostra Gandalf descarregando os fogos nesse momento, muito menos as marcas nos produtos. Mostra-o apenas descer na casa de Bilbo e chamá-lo na porta.
Cena 2:
J.R.R.Tolkien. O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel. Martins Fontes, São Paulo, 2009 (Página 77)
"O som de cascos se aproximou."
"Bem na hora, ele se jogou numa moita alta atrás de uma árvore que cobria a estrada de sombra."
"Então levantou a cabeça e espiou cuidadosamente por cima das raízes grandes."
"Pela curva vinha um cavalo negro, não um pônei de Hobbit, mas um cavalo grande: montado por um homem grande, que parecia abaixado na sela, evolto numa grande capa e num capuz preto, de modo que só se viam as botas nos estribos altos."
"O rosto, coberto por uma sombra, era invisível."
"Quando chegou à árvore onde estava Frodo, o cavalo parou. A figura do cavaleiro permanecia imóvel com a cabeça abaixada, como que tentando escutar algo. De dentro do capuz veio um ruído, como se alguém tentasse farejar um cheiro indefinível; a cabeça se virava para os dois lados da estrada,"
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Essa cena tem uma representação quase idêntica à trazida nas descrições do livro. No filme acompanhamos todas as ações na mesma ordem trazida pelas páginas escritas e o produtor foi capaz de transmitir o mesmo suspense, a mesma expectativa trazida no livro. para isso utilizou-se de uma trilha sonora com motivos de tensão e uma filmagem rápida, trabalhando focos diferenciados. O cavaleiro realmente parece ter o rosto invisível, graças ao capuz e sombra tabalhados em sua caracterização.
Cena 3:
J.R.R.Tolkien. O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel. Martins Fontes, São Paulo, 2009 (Página 163)
O pônei saltitante
O pônei saltitante
"O grupo estava na grande sala de estar da estalagem. Havia um grande número de pessoas, e de todos os tipos, como descobriu Frodo depois de seus olhos se acostumarem à luz."
"A iluminação vinha principalmente de um fogo alimentado por achas de lenhas, pois as três lamparinas penduradas às vigas emitiam uma luz fraca, meio velada pela fumaça. Cevado Carrapicho estava de pé perto do fogo, conversando com alguns anôes e com um ou dois homens de aparência estranha. Nos bancos sentavam-se vários tipos de pessoas: Homens de Bri, um grupo de hobbits nativos (sentados, conversando), mais alguns anões e outras figuras vagas, difíceis de distinguir nas sombras e cantos."
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Ao lermos o livro temos a impressão de um local abafado, amontoado de gente e fumaça além de ser mal iluminado. Pois o filme retrata isso com objetividade. A maneira como as imagens ampliam e distorcem as faces dos presentes acaba criando a sensação da própria distorção do ambiente e do caráter das pessoas. Vemos no filme um local abafado pela fumaça e com pessoas oelosas, roupas e móveis escuros, o que ajuda, e muito, nessa impressão "suja" ou "desregrada" do local. Apesar da clara diferença de Cevado Carrapicho não estar perto da lareira e sim servindo no balcão, a cena nos é trazida com cuidado para assemelhar-se o máximo possível à descrita no livro.
Cena 4:
J.R.R.Tolkien. O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel. Martins Fontes, São Paulo, 2009 (Página 208)
"Havia cinco figuras altas: duas em pé, na saliencia do valezinho, três avançando."
"Nos seus rostos brancos brilhavam olhos agudos e impiedosos; sob as capas havia grandes túnicas cinzentas; sobre os cabelos cinzentos, elmos de prata; nas mãos magras, espadas de aço. Seus olhos caíram sobre ele e o penetraram enquanto corriam na sua direção."
"Desesperado, Frodo puxou sua espada, tendo a impressão de que dela emanava um brilho vermelho, como se estivesse em brasa. Duas das figuras pararam. A terceira era maior que as outras: o cabelo era longo e brilahnte, e sobre seu elmo estava uma coroa. Numa mão segurava uma longa espada,e na outra uma faca; tanto a faca quanto a mão que a segurava brilhavam com uma luz fraca. Ela pulou para frente e avançou sobre Frodo."
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Nessa cena, apesar do produtor seguir as descrições dos Cavaleiros sob a ótica de quem usa o anel com muito cuidado, vemos uma óbvia diferença entre o livro e o filme. No livro lemos que Frodo "puxou sua espada, tendo a impressão de que ela emanava um brilho vermelho (...)" mas ao contrário, no filme, Frodo permanece imóvel no chão, estático diante das criaturas reluzentes em branco. Ele logo é perfurado pela longa espada da dita "terceira figura". A cena não é apresentada dessa maneira, e Frodo é visto como um herói no livro ao reagir aos movimentos dos cavaleiros nos parágrafos seguintes. No filme vemos essa imagem não ser perpetuada, uma vez que ele é salvo por Aragorn nesse momento.Voltando na imagem dos cavaleiros, vemos como elas conseguem transmitir a sensação de algo transcendental, apavorante, Fato óbvio no filme, com os efeitos de luz e "borrão" que vemos em sua imagem, e acentuado no livro ao serem descritos como possuindo "olhos agudos e impiedosos".
Cena 5:
J.R.R.Tolkien. O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel. Martins Fontes, São Paulo, 2009 (Página 227)
"Naquele momento houve um trovão e um estrondo: um ruído enorme de águas fazendo rolar muitas pedras."
"Com a visão embaçada, Frodo conseguiu distinguir o movimento do rio embaixo dele se levantando, e descendo seu curso veio uma cavalaria emplumada de hondas brancas."
"Parecia a Frodo que chamas brancas piscavam nas cristas das ondas, e ele imaginou enxergar no meio da água cavaleiros brancos sobre cavalos brancos, com crinas espumantes."
"Os três cavaleiros que ainda estavam na água sucumbiram: desapareceram, subitamente cobertos pela espuma furiosa. Os que estavam atrás recuaram, com medo."
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Na última cena do livro I temos uma imagem incrivelmente semelhante à trazida por Tolkien em seu livro. A descrição "e ele imaginou enxergar no meio da água cavaleiros brancos sobre cavalos brancos, com crinas espumantes." nos é trazida por imagens bem trabalhadas de ondas que formam grandes cabeças de cavalos, dando a entender que a própria água galopa, como um animal e seu cavaleiro, atrás das grandes sombras. É uma cena cuidadosa, que traz Frodo de olhos entreabertos logo no início para lembrar-nos de que ele também observa essa passagem, ainda consciente. A sensação de água subindo é mostrada por uma comparação de momentos, em que a água baixa mal cobre as pedras e logo elas já estão submersas, trazendo a onda com grandes cavalos brancos.
Cena 6:
"-Sim, está comigo. - Respondeu Frodo, sentindo uma estranha relutância. - O Anel é o mesmo de sempre.
- Gostaria de vê-lo só um segundo. - Disse Bilbo."
"Quando se vestia, Frodo descobriu que, enquanto estivera dormindo, o Anel tinha sido pendurado em seu pescoço numa nova corrente, leve mas forte. Lentamente o retirou. Bilbo estendeu a mão. Mas Frodo rapidamente afastou o Anel. "
Para sua tristeza e espanto, viu que não olhava mais para Bilbo; uma sombra parecia ter caído entre os dois, e através dela Frodo passou a ver uma criatura pequena e enrugada, com um rosto faminto e mãos ossudas e ávidas. Sentiu um desejo de bater nela.
No Livro observamos que Frodo chega a retirar o Anel para mostrar a Bilbo, porém, no filme ele recua antes desse movimento, fechando a camisa antes mesmo de tirar o Anel. O produtor provavelmente levou em conta o poder que o Anel exerce sobre aquele que o utiliza, dando a Frodo características semelhantes àquelas que Bilbo experimentaria.
Outro ponto interessante é a imagem que Frodo vê em Bilbo no livro. De minha interpretação supus que ele visse a imagem do Gollum naquele instante, mas no filme vemos que o próprio Bilbo muta ao desejar o anel, dando a impressão de muito mais dependência daquele objeto mágico.
Cena 7:
Cena 6:
J.R.R.Tolkien. O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel. Martins Fontes, São Paulo, 2009. Página 244
- Gostaria de vê-lo só um segundo. - Disse Bilbo."
"Quando se vestia, Frodo descobriu que, enquanto estivera dormindo, o Anel tinha sido pendurado em seu pescoço numa nova corrente, leve mas forte. Lentamente o retirou. Bilbo estendeu a mão. Mas Frodo rapidamente afastou o Anel. "
Para sua tristeza e espanto, viu que não olhava mais para Bilbo; uma sombra parecia ter caído entre os dois, e através dela Frodo passou a ver uma criatura pequena e enrugada, com um rosto faminto e mãos ossudas e ávidas. Sentiu um desejo de bater nela.
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Apesar da estranha interpretação do produtor com relação à "transformação" de Bilbo, essa cena é uma das que mais assustam em todo o filme. A sensação de súbita cobiça e ansiedade de Bilbo são claramente passadas através da imagem rápida e da sombra assustadora sobre seu rosto. Ele de transforma de uma maneira muito mais rápida do que imaginamos, o que choca de maneira surpreendente.No Livro observamos que Frodo chega a retirar o Anel para mostrar a Bilbo, porém, no filme ele recua antes desse movimento, fechando a camisa antes mesmo de tirar o Anel. O produtor provavelmente levou em conta o poder que o Anel exerce sobre aquele que o utiliza, dando a Frodo características semelhantes àquelas que Bilbo experimentaria.
Outro ponto interessante é a imagem que Frodo vê em Bilbo no livro. De minha interpretação supus que ele visse a imagem do Gollum naquele instante, mas no filme vemos que o próprio Bilbo muta ao desejar o anel, dando a impressão de muito mais dependência daquele objeto mágico.
Cena 7:
J.R.R.Tolkien. O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel. Martins Fontes, São Paulo, 2009 (Página 323)
"A lua agora brilhava sobre a face cinza da pedra; mas os outros não puderam ver mais nada por um tempo."
"Então, lentamente, sobre a superfície, onde as mãos do mago tinham passado, linhas claras apareceram, como veias finas de prata correndo na pedra."
"No início, não passavam de uma teia de prata, tão fina que apenas piscava oscilante nos pontos onde a luz da lua batia, mas gradativamente as linhas ficavam mais largas e visíveis, até que se pôde adivinhar o desenho que formavam."
"Na parte superior, numa altura que o braço de Gandalf podia alcançar, via-se um arco de letras entrelaçadas, letras que pertenciam à lingua dos elfos. Abaixo, embora as linhas estivessem em alguns pontos borradas e quebradas, podia-se ver o contorno de uma bigorna e um martelo, abaixo de uma de coroa de sete estrelas. Abaixo destas estavam duas ávores, cada uma carregando luas crescentes. Mais nítida que todo o resto brilhava, bem no meio da porta, uma única estrela com muitas pontas."
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Na última cena escolhida do livro, vemos a reprodução dos portões de Moria na mesma escala apresentada na obra. Sua altura não é mais do que até onde as mãos de Gandalf podem alcançar (como descrito) e ao ser iluminado pela lua (trazida em grande destaque pelo filme) começa a rechear-se de luz gradualmente exatamente como previsto: "mas gradativamente as linhas ficavam mais largas e visíveis". O desenho não é exatamente idêntico à ilustração do livro:
Mas traz em si todas as caracteristicas descritas por Tolkien. Talvez por uma questão de imagem e reprodução no filme. Além disso, a cena cuida para parecer misteriosa, mágica e reveladora ao mesmo tempo. A sombra excessiva dá-nos a impressão de que algo está por vir, a trilha sonora que cuida da tensão recheia-nos da expectativa, criando um ambiente mágico e perigoso ao mesmo tempo.
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E aqui termina as análises de determinadas cenas do primeiro livro em comparação com o filme. Minha próxima atividade pelas duas semanas seguintes será de ler o segundo livro da Série "O senhor dos Anéis: As Duas Torres".
Nessa primeira análise já ficou clara a preocupação do produtor em passar-nos certas minúcias de cada cena. Da vontade e empenho que ele tem em recriar com imagens e sons as mesmas sensações que nos são passadas com palavras.
Sua interpretação do livro tem um caráter amplo, mas próprio em algumas cenas. E é a partir dessa sua visão que cria e transmite-nos novas informações com o cinema. Revivemos com trilhas sonoras e continuas imagens aquelas impressões que as palavras de Tolkien forjaram em nós durante a leitura do livro, buscando manter em sua obra cinematográfica o tom épico, fantasioso, histórico e emocionante que o livro traz em cada palavra.
Agora minha atividade será perceber essa mesma sensibilidade e capacidade de transpor para a tela (e consequentemente para nós, consumidores de sua obra) o que nos é apresentado apenas com palavras no segundo livro da Trilogia de O Senhor dos Anéis.