O primeiro filme trabalhado foi Marie Antoinette, do diretor W. S. Van Dyke, lançado no ano de 1938. A personagem principal é estrelada por Norma Shearer, uma atriz de beleza incontestável e fisicamente adequada ao papel da Rainha da França. Nota-se uma clara "teatralização" em seus modos, completamente exagerados. A maneira de agir e mover as mãos e a cabeça são obviamente ensaiados. Claro que isso remonta a um cinema diferente dos que temos nos dias atuais, mas mesmo assim há espaço para supormos uma reprodução da vida ensaiada de Versailles. O filme é fantástico no que tange as técnicas de filmagem, escolha de atores, reprodução do cenário, adereços, objetos, vestidos, enfim! Percebe-se um árduo trabalho para a reconstrução do que era Paris naquela época. Infelizmente, em questões históricas, deixa MUITO a desejar. As falhas são óbvias e vazios são preenchidos com festas e pompas infinitas. Colocarei minhas impressões passo a passo:
Maria Antonieta ainda jovem em Viena (durante seus poucos minutos de mocidade) é alegre, extrovertida e muito encantadora. Norma Shearer deixa isso muito óbvio com suas expressões cheias de brilho (imagem à esquerda) e irradiado uma luz que cegaria qualquer deprimido. Esse olhar tem tanta luz que me convence de sua fútil inocência. Ignora as etiquetas e corre para dentro do gabinete de sua Mama. É curiosa e precipitada, quer saber de tudo antes de mencionarem do que se trata. Alegra-se infinitamente com a notícia de que se casaria, ansiosa demais para conhecer o noivo e sua futura condição de Rainha da França.
Em sua primeira noite de núpcias tenta convencer Luís de como deveriam ser um casal feliz, com filhos e uma boa família. Luís mostra-se um tanto rude com as palavras e obviamente desinteressante, mas ela se esforça muito para terem um relacionamento minimamente amigável. Por fim, comprova-se que não há homem que resista ao encanto de Antonieta da França e Luís coração de gelo cede ao brilho da jovenzinha.
Maria Antonieta neste filme é bem assim: Apaixonada, encantadora, amigável. Eu diria que não passa longe de uma princesa Disney, sempre sorridente, dançante e disposta a ter os melhores relacionamentos com todos. Ou melhor, quase todos: Madame DuBarry (amante do rei) aqui é praticamente uma madrasta. Contrariando Duque D'Orleans (Filipe) cria um demônio sedento por poder que logo passa a influenciar a pobre Maria. Esta perde-se na vida de exageros bem cedo e o faz para se vingar de DuBarry (?). A jovem tão meiga e atenta com o marido passa a frequentar festas, bailes, jogos e diversões. Daí conhece Axel Von Fersen, único homem que até o momento não havia se humilhado por um olhar da rainha, e é claro que ela se apaixonaria por esse distinto cavalheiro. Na dita "noite do triunfo" de Madame DuBarry, Maria é mais ousada: Ela humilha a amante do rei diante de todos, lembrando-a de seus tempos de "chapeleira".
A partir daí que seu mundo vira de cabeça para baixo e finalmente põe um fim nas distrações levianas: Recebe uma mensagem dizendo que seria expulsa de Versalhes logo (afinal, não produzira herdeiros!) e todos os seus "amigos" afastam-se, afinal, o interesse era na futura Rainha da França e não na mulher Maria Antonieta. Seu único consolo é Axel Von Fersen, quem esteve apaixonado pela jovem desde sua infância. Passam a noite juntos e quando retorna ao castelo recebe a notícia da morte do Rei. Tornara-se rainha.
Ao contrário da maioria das fontes, aqui temos uma Maria Antonieta apaixonada pelo marido, pelos dois
filhos e por sua condição. Agora que é rainha e casada, dedica-se à educação das crianças, não esbanja
seu dinheiro, chegando ao ponto de escrever discursos para o marido! Essa Maria Antonieta de Norma Shearer é centrada e desenvolve a capacidade de refletir sobre assuntos desinteressantes. Mostra-se igualmente preocupada com a condição miserável do povo, dizendo, no "caso do colar", que não pode gastar uma soma grande de dinheiro, afinal, seu povo estava morrendo de fome. Ora, onde mais veríamos uma rainha tão engajada e que mesmo assim é sacrificada em nome uma revolução?
Sua condição materna e "reformada" é evidenciada mais uma vez após a falha do plano de fuga para Viena. Ao ser capturada e presa, chora pela morte do marido e mostra-nos a cena mais comovente do filme: o momento em que chora para não levarem seu filho mais novo. Definha aos poucos à espera de sua morte e vê um raio de esperança na visita de Fersen. A última de sua vida. O momento final, sua decapitação, traz uma mulher serena, que aceita o destino que já lhe fora traçado.
Enfim, Maria Antonieta é uma vitima nesse filme. Ela, influenciada pela corte venenosa de Versalles, cai em uma vida profana e cheia de erros. É logo resgatada por um grande amor (Von Fersen) e daí em diante torna-se a esposa e rainha ideais. Cuida dos filhos, é jovem, decidida e preocupada com o povo. Mas mesmo diante de toda a sua mudança, o passado não pode ser apagado e ruma lentamente em direção à guilhotina.
Enfim, não poderia falar desse filme sem deixar seu trailer. Recomendo que assistam ao filme. Apesar das falhas históricas, é um deleite romântico e teatral.
Galeria com os 26 vestidos usado por Maria Antonieta ao longo do filme:
Clique nos botões abaixo para fazer o download do filme:
Ah! Vestidos!!! <333
Ah Axel! Você é praticamente o colírio desse filme.
Filme bem diferente então. Todos costumam pintá-la como fútil o tempo todo.
Conhecê-la pelos seus olhos está sendo no mínimo interessante. haha
Congrats!
É sim, eu fiquei com tanta pena dela, tão vitimizada! Pobre Maria... Agora é assisir ao Documentário que tenho certeza que nos trará uma mulher terrível!