Seguindo a última postagem, sobre o filme "Maria Antonieta" de 1938, volto-me agora para o segundo elemento dessa série: O Filme dirigido por Sofia Coppola na versão mais "Atualizada" da rainha da França.
Dessa vez temos uma Maria Antonieta interpretada por Kirsten Dunst, outra escolha bem elaborada. Com traços finos e incontestavelmente delicados, ela traz uma Rainha muito mais princesa do que podíamos esperar. É quase uma patricinha em plena França pré-revolução. Não preciso comentar dos cenários fabulosos e de toda a pompa exposta em cada cena, imagino. É tanto outro, tanta jóia que somos obrigados a pausar o filme em alguns momento a fim de explorar tudo o que o cenário pode nos oferecer. A visão desta vez é subjetiva. Constantemente dividimos os medos e angústias de Maria através de suas próprias impressões. O filme é riqúissimo, sem dúvidas. E atento a detalhes que me fizeram apaixonar ainda mais pela narrativa. Eu arriscaria dizer que a autora inspirou-se no livro de Stefan Zweig, tamanho o cuidado que teve com a sequência dos fatos.
Ao receber a notícia de que seria enviada para a França, Maria Antonieta parece angustiada com isso. É espontânea e seus sentimentos estão sempre estampados em seu rosto de menina. O abraço em Madame de Noailles já traduz toda o desleixo da futura delfina com relação à etiqueta que deveria ter dominado enquanto esteve em Viena.
Logo em solo Francês, comporta-se com graça e encanto. A insegurança ao encontrar Luís XVI e no momento em que caminha em direção ao palácio por entre um corredor de pessoas é uma traço marcante da menina que chega naquele país completamente estranho.
A curiosidade e deslumbre com cada detalhe de dentro dos cômodos é notável. Seus olhos infantis correm por cada canto da cena, sorri para os empregados, cumprimenta as pessoas à sua volta. A inclinação para a apreciação do belo já traz os sinais logo que entra em seu quarto. Brinca com um leque francês e ao observar o jardim abre um sorriso largo. Não há como não se apaixonar pelas pompas de Versalhes!
O filme certamente pretende conquistar as garotas. Assim que Maria acorda de sua primeira não-noite-de-núpcias em Versalhes, recebe uma (literalmente) aula de como se portar como uma verdadeira delfina. O ar desconfortável que paira entre ela e seu marido é marcado por silêncios longos e respostas curtas demais. Logo vemos DuBarry entrar em cena e nada mais é do que uma mulher infinitamente vulgar. Lambe os dedos na mesa, esfrega-se no rei enquanto come e como se não bastasse, ousa arrotar na frente de todos! Mas isso não corta o ar sensual que inspira em Maria. Ao receber o primeiro sermão de Merci (e receber a carta de sua mãe) observa-se no espelho, curiosa com essa sensualidade ainda não explorada. Infelizmente não tem sucesso nas investidas contra o marido desatento, e o caso torna-se um desafio para a teimosa Austríaca. Voltando na mulher Du Barry, Maria é constantemente alvo de seus ataques provocativos.
E claro, les Mesdames (as irmãs encalhadas do rei) não poderiam deixar de aparecer no cenário. Elas, como devem imaginar, são tão venenosas quanto qualquer outro nobre em Versalhes e não perderão a oportunidade de influenciar a já orgulhosa Antonieta.
O filme é lento, mas daí vemos os passos com que as coisas realmente acontecem em Versalhes. Luís constrói sua admiração pela esposa à medida em que essa ganha mais segurança e brilho dentro da corte. A inquietação pela falta do herdeiro cresce dentro da própria Maria Antonieta, a pressão da mãe traduz-se em cartas insinuantes, os boatos espalham e Polignac surge para confundir tudo o que ia nos bons trilhos. Para suprimir esse vazio, nada melhor que... compras! No estilo mais nobre, é claro. Maria Antonieta investe em sapatos, leques, vestidos, fitas, jóias, bordados, doces... enfim, um exagero na proporção de sua dor.
O problema só é "resolvido" com a conversa de seu irmão José II, que estimula o ainda casto Luís. Daí, do nascimento de sua primeira filha, Maria Antonieta muda um pouco seu estilo.
Ganha o Petit Triànon do marido e toma gosto pelo simples, rural. Claro, que de maneira superficial apenas. Constrói no pequeno palácio um verdadeiro teatro vivo, com camponeses e animais de verdade. Toma gosto pela leitura (Está a ler Rousseau!)
Mas nunca Versalhes pode ficar em paz. Eis que com o retorno dos soldados dos Estados Unidos, temos também... Hans Axel von Fersen! A paixão entre o oficial e a rainha cresce rápido e logo envolvem-se num caso extraconjungal.
Mas como todo romance militar, Von Fersen deve partir, deixando para Antonieta apenas um vazio inquietante.
Maria reassume sua posição de Mãe e Rainha. Cada vez mais próxima dos filhos, observa os boatos a seu respeito crescerem e trata com desdém esse fato. Ao saber da invasão da Bastilha e aproximação da revolução, estata que seu lugar é ao lado do rei e que não fugirá como os outros nobres. O filme é muito suave com o destino dessa mulher e interrompe a narrativa em sua fuga para Viena. Que todos sabemos ter sido mal sucedida.
Por fim, eu diria que esse filme tem mais de Gossip Girls do que podemos imaginar. Vejo Blair transparecer em Madame de Polignac, a maneira com que as roupas e o consumo é tratado não permite que eu me distancie dessa comparação. As músicas modernas, as jovens deleitando-se com jogos e badalações... Paris é a atual Nova York do seriado para adolescentes. Temos bebidas, drogas (ah sim, ela traga um caximbo!), traições e competição por status.
Maria Antonieta, sempre tão desligada dos costumes e regras, cresce conquistando todos ao seu redor. É facilmente influenciável e levada pelo orgulho. Suas compras e ostentação justificam-se pelo vazio que cresce dentro de si, mas não deixa de ser uma boa esposa, uma boa mãe. Termina com honra, não abandonando o posto que lhe fora praticamente comprado com um casamento. É uma pena que o filme não mostre casos como o do Colar, a situação de De la Motte e Rohan e as consequencias diretas dos gastos exorbitantes da coroa. Claro que não foi esse o objetivo de Sofia Coppola, isto está evidente em cada um dos infinitos acessórios reproduzidos junto dos doces e cores suaves. Aqui Maria Antonieta é como qualquer adolescente, sofre de paixão e pressão da sociedade. Compra para se justificar e diverte-se com seus amigos. Enfim, mais uma faceta para essa mulher.
Claro, não posso deixar de postar o trailer:
E minha parte favorita, todos os 80 vestidos usados por Maria Antonieta no filme:
Eu precisaria de uns 3 cômodos para guardar tanto vestido bonito. E os sapatos e chapéus correspondentes, é claro. Oh céus, ela tem um navio em cima da cabeça!
E nesse filme o Hans não é nada bonito. Juro que prefiro o Luís aqui, muito mais doce e humano.
Eu amo esse filme, ele é incrível,o figurino o cenário, tudo. Gostei muito dessa faceta da Maria Antonieta que a Sofia Coppola apresentou , acho que ela procurou humaniza-la,mostrar que mesmo em uma realidade tão distante ela tinha questões, problemas que são comuns ás mulheres dos dia de hoje,as referências "pop" que ela utiliza ilustram isso.
Eu gostei tanto do figurino que tenho salvo todas as fotos dos vestidos,rsrsrsrs.
Ahaha é verdade Jaque, a Maria desse filme poderia facilmente ser transposta para os dias de hoje!
E nuh, sabia que vc ia gostar! ahahaha xD
Prefiro esse blog aqui, hein?
haha *--* Adoro esse filme!