A Comunicação Horizontal
(Adeus a Aristóteles)
O Paradigma Clássico: Na década de 1970 os países subdesenvolvidos se dão conta de que há uma dominação (além de econômica e política) cultural por parte dos países desenvolvidos, e esta se dá através dos meios de comunicação. Uma espécie de conflito se inicia com os países subdesenvolvidos lutando pela libertação da influência estrangeira, há o debate a favor da democratização da comunicação contra o a favor da liberdade de informação e livre concorrência.
Passa-se a questionar a conceitualização da natureza da comunicação.
E esse questionamento retoma as idéias de Aristóteles que descrevia a arte da retórica ('a arte de usar a linguagem para comunicar de forma eficaz e persuasiva.') como se fosse composta por 3 elementos:
- Locutor (emissor)
- Discurso (mensagem)
- Ouvinte (destinatário)
A recepção que vinha sendo mais aceita era a de Laswell, que acrescentou ao equivalentes dos elementos propostor por Aristóteles:
- Quem (Locutor - Emissor)
- diz o quê (Discurso - Mensagem)
- por meio de qual canal
- a quem (Ouvinte - Destinatário)
- com que efeito?
Com tempo outras variáveis foram sendo adicionadas com a finalidade de obter resultados mais precisos, mas permaneceu o conceito de "processo comunicacional como transferência de informação ou influência de um agente sobre outro"
Os componentes "Codificador" e "Decodificador" são acrescentados à sistematização, e logo temos o conceito de retroalimentação (feedback) introduzido à discussão.
Temos então a seguinte organização fundamental:
- Fonte
- Codificador
- Mensagem
- Canal
- Decodificador
- Receptor
- Efeito
Temos então o paradigma (modelo) clássico da comunicação, cuja preocupação maior é quanto ao efeito sobre o receptor. Isso significa que apesar de tudo, a disciplina de comunicação não era mais do que uma retórica atualizada.
Críticas ao Paradigma Clássico: As críticas começam quando se percebe que o processo de comunicação não é mecanizado, são na verdade variáveis.
Passa-se então a enfocar a natureza relacional do processo comunicativo, diferenciando-se comunicação de informação. (passagem unilateral de transmissor a receptor). Porém, na prática a comunicação acaba aproximando-se bastante da informação.
Então começam as criticas à concepção americana de comunicação, mas o debate foca apenas nos assuntos de interesse para a sociedade. Deixavam de fora a questão da persuasão. A manipulação através dos meios de comunicação tornou-se algo natural naquele país.
Os Países da America Latina preocupam-se bastante com a questão da Persuasão, mas não se interessam pelo feedback pois acreditam que não passa de um mecanismo para ajuste da mensagem ao receptor.
A América Latina caracteriza-se por uma dominação por parte de minorias a partir do uso dos Meios de Comunicação de Massa, da maneira caracterizada como "comunicação vertical" (de cima para baixo, alguém impondo sua supremacia sobre os outros, há dominação)
Novas Perspectivas: Paulo Freire, brasileiro, teve grande influência nos estudos de comunicação da América Latina. Criticou os estudos tradicionais, chamando-os de domesticação ao invés de ensino. E ele ainda acreditava que os Meios de Comunicação de Massas realizavam o mesmo trabalho de domesticação da cultura de oligopólios sobre o público.
Passam a formular teorias sobre a Comunicação horizontal (participação democrática de todos, ninguém impõe a verdade sobre ninguém, convivencia de opiniões diferentes). Beltrán formula a seguinte definição para comunicação então:
"Comunicação é o processo de interação social democrática baseado no intercâmbio de símbolos mediante os quais os seres humanos compartilham voluntariamente suas experiências sob condições de acesso livre e igualitário, diálogo e participação. "
Para que isso ocorra, existe a necessidade de igualdade entre os "interadores", que agora são chamados de comunicadores ao invés de emissor e receptor. O ponto principal da comunicação horizontal é o diálogo.
Todos têm oportunidades semelhantes de emitir e receber mensagens.
Quanto maior o acesso > maior probabilidade de diálogo
Maior diálogo > maior utilidade do acesso e impacto da participação
maior participação > maior ocorrência de diálogo.
A comunicação horizontal é proposta como uma substituição da vertical, mas entende-se que elas devem coexistir em alguns momentos. A prática da comunicação horizontal é mais aceitável nas práticas individuais do que nas de massa, a explicação seria quanto à dificuldade de recolher um feedback de meios de comunicação da massa.