Primeira fase: a influência norte-americana e o difusionismo
Os centros de Pesquisas Latino-Americanos: A pesquisa em Comunicação surge aqui, como nos Eua e na Europa, como consequência de mudanças sociais trazidas pelos meios de comunicação em Massa.
°As primeiras pesquisas surgem com o Ciespal (Centro Internacional de Estudios Superiores de Periodismo para América Latina). └ Este foi fundado no contexto da luta de Kennedy contra as revoluções em Cuba.
Ciespal: Em 1959 ele se instala em Quito (atual capital do Equador) e passa a oferecer cursos profissionalizantes na área da Comunicação em Massa, envolvendo pesquisadores de origem norte-americana.
Os temas pesquisados foram:
- Comunicação e Modernização
- Rádio e Televisão (teleeducação)
- Liderança de opiniões
As pesquisas foram de carater mais descritivo, descrevia-se a situação social visando soluções para os problemas sociais.
Adotaram um modelo mais difusionista, ou seja, a comunicação era instrumento de distribuição de cultura e tecnologia para as populações mais atrasadas.
Em 1973, No primeiro encontro de pesquisadores latino-americanos de Comunicação, O Ciespal recebeu um novo direcionamento: Criticaram sua falta de conceito individual, de visão qualitativa e de uma organização mais geral das pesquisas.
Decidiu-se por:
°Buscar raízes da América Latina
°Introduzir nos cursos a preocupação com a comunicação popular, e não só os Meios de Comunicação de Massa.
°Optar pela pesquisa participante
°Substituir os pesquisadores estrangeiros por latino-americanos
Ao mesmo tempo em que o Ciespal surge no Equador, vemos nascer na Venezuela o Instituto Venezuelano de Investigaciones de Prensa de la Universidad Central → Este instituto era voltado originalmente a pesquisas sobre a imprensa venezuelana durante a ditadura e acabou tornando o se o ININCO (Instituto de Investigaciones de la Comunicación) voltado a pesquisas de comunicação em massa mas com a preocupação com o difusionismo, de espalhar as novas tecnologias.
Em 1970, com a vitória de Salvador Allende, no Chile, é criado o CEREN (Centro de Estudos da Realidade Nacional) → Este realiza pesquisas sobre dominio das multinacionais na comunicação latino-americana, introduzindo conceitos como Ideologia, relações de poder e conflito de classes.
Com o golpe militar chileno, o Ceren se desfaz, mas o ILET (Instituto latino-americano de estúdios transnacionais) acaba sendo criado no México e se torna um ponto de encontro para as primeiras gerações de pensadores da comunicação da América Latina.
No quadro observamos as seguintes tendências:
- O funcionalismo e difusionismo encontram abrigo no Ciespal, trazendo à tona as preocupações com a comunicação na região.
- Essa perspectiva é rompida na virada dos anos 60 e 70, pelo encontro que aconteceu.
- O ínício da comunicação na América Latina se inicia com a preocupação em compreender a imprensa.
- Funcionalismo e Marxismo disputam a abordagem da comunicação para si.
Funcionalismo: procura explicar aspectos da sociedade em termos de funções realizadas por instituições e suas consequências para sociedade como um todo. É uma corrente sociológica associada à obra de Émile Durkheim. Wikipédia
Marxismo: O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, o que diferencia os homens dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas. Wikipédia
- No início dos anos 70 vemos o chamado "Um giro para a esquerda" que marca uma oposição ao American Way of Life
As revistas inaugurais: Algumas desses centros de pesquisas lançaram revistas que demarcam bem seus posicionamentos. O Ciespal contou com a revista Chasqui, que teve a comunicação alternativa e a democratização da informação como temas principais. O ILET não tinha uma revista, mas lançou "cuadernos" defendendo uma nova abordagem sobre a transnacionalização dos meios de comunicação.
Os pais fundadores: No Chile, Armand Mattelart (do CEREN) propos novas bases para os estudo crítico das relações de poder nos Meios de Comunicação em Massa.
Antonio Pasquali na Venezuela participa da fundação da escola de jornalismo. O boliviano Luis Ramiro Beltrán denuncia o uso dos Meios de Comunicação de Massa, como instrumento de um imperialismo, buscando identificar os mecanismos que transmitem a influência Norte-Americana.
O Brasileiro Paulo Freire faz uma crítica ao tratamento dos meios de Comunicação em Massa como meros instrumentos de transmissão e seus receptores como passivos.
Esse estudo realizado na América Latina pode ser resumido em dois tópicos:
- Estudo da estrutura de poder dos meios de comunicação e as estratégias de dominação dos países capitalistas.
- Estudo sobre as formações discursivas e mensagens da cultura de massas.
A terceira Geração Aponta caminhos: A partir de 1970, vemos duas vertentes para os estudiosos da comunicação:
1. Perspectiva apresentada pelo ILET: Criação de formas alternativas para democratizar a comunicação e restaurar as identidades regionais.
2.Descoberta de práticas de Comunicação Popular
Assim, a década de 1980 teve duas linhas de pesquisa:
1.Projeto de interferência na vida pública visando repensar a dependência cultural.
2.Ampliar a noção de comunicação para além da industria cultural e focando nas práticas de recepção.
"A comunicação deve ser tratada no cenário da cultura, que na América Latina encontra eco na sua formação híbrida, que propicia múltiplas mediações na recepção das mensagens." Jesús Barbero
Ao invés de ideologia e dependência, há a preocupação com a hibridação e a mediação.