sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Fichamento - Cultura e Sociedade
Texto: WILLIAMS, Raymond. “Conclusão” In Cultura e Sociedade. São Paulo: Editora Nacional
O Conceito de Cultura comporta variadas acepções condizentes com as mudanças sociais, políticas e econômicas de determinado segmento da população. É posta como uma solução que encontramos a fim de refletir e compreender as transformações que acontecem em nosso dia-a-dia.
Do processo de urbanização vimos surgir o conceito de “massas” que logo adotou uma postura pejorativa. Inicialmente cunhada para representar uma multidão, revela que em suas entranhas trazer o significado de facilidade de moldar determinadas opiniões, vulgaridade de gostos, hábitos, etc... Mas este mesmo conceito é sempre externo a nós mesmos. Dificilmente nos consideraremos como “massa”, isto será sempre o outro, o desconhecido, distante ou não. Mas a consideração é recíproca e, para os outros, nós é que somos a massa. Essa denominação é apenas uma maneira de compreender os outros e surgiu com fins claramente capitalistas. Para as massas são produzidos uma infinidade de recursos como livros, jornais, revistas e programas de televisão, todos baseados no que se entende por massa e seus gostos em geral e isto pressupõe uma maneira de interpretá-la a partir de uma formula específica. Esta mesma fórmula abre um leque de possibilidades para a consideração do que realmente é conhecido por “massa”: pode-se supor seres interessados, vulgares, racionais ou passivos que atuarão diante do que é produzido.
A produção voltada para a massa pode ser erroneamente considerada “inferior” por alguém habituado à leitura “refinada”, pois este, ao invés de levar em conta que esta informação é produzida a fim de adaptar-se às necessidades de um público com diferentes prioridades, compara-a aos seus próprios hábitos. Encontrando certa disparidade nesta colocação, julga, mais uma vez de maneira errônea, poder definir a partir desta análise o tipo de vida levado pelo público ou massa. Mas esta atitude é apenas um claro sinal da limitação de quem observa e julga ainda preso aos seus preconceitos, e não dos meios e produtos.
A Comunicação só é vitoriosa se, baseando-se na experiência do receptor, alcançar o significado pretendido. Este sucesso só pode existir se houver, antes de tudo, essa construção da vivência, afinal, a comunicação não se define apenas por transmissão de sentido, mas por sua recepção e posterior resposta. A eficácia da comunicação pode acabar sendo abalada pelas constantes desigualdades presentes na sociedade e este problema ainda não prevê uma solução: a experiência genuinamente comum só surge em momentos de crises (os quais são bem raros), o que infelizmente torna-se um flagelo para nossa sobrevivência. E esta cultura comum já citada não quer dizer que se trata de uma dita “cultura igual”, mas de uma cultura em que os indivíduos teriam experiências semelhantes e compartilhadas, facilitando a comunicação e compreensão mútua.
É fato também que uma cultura jamais será produzida apenas por um tipo de classe. Seus descendentes receberão um produto de fusões, com aspectos diferenciados daquele de origem. É mais provável que uma cultura seja mais suscetível ás transformações de linguagem do que de classe, recebendo diversas contribuições que, mesmo estando mista, podem acabar fundindo-se de maneira seletiva para cada segmento, predominando, é claro, o que for do interesse da classe dominante. Dessa maneira, uma sociedade que por algum motivo tivesse a classe trabalhadora como sendo a dominante, apresentaria novos valores e conceitos para sua cultura, o que também representa um modo de vida.
O conceito de cultura desenvolve-se dentro das chamadas comunidades. Existem atualmente duas diferentes denominações para este termo, a primeira, fundada na idéia de serviço foi levantada pela classe média, e a segunda, fundada sobre a solidariedade, foi cunhada pela classe trabalhadora. Esta é considerada como verdadeira e torna-se a real base para uma sociedade. E mesmo que tenha alguns problemas como evitar o isolamento e principalmente, descobrir o que motiva essa solidariedade, passa por constantes reinterpretações que auxiliam no crescimento natural, tanto do conceito quanto da sociedade.
Cultura, em qualquer lugar, será sempre uma maneira especial de realçar parte de uma experiência, de uma vivência e hábito relevantes para o contexto vivido. Crescemos com este processo, refazendo e recriando muitos significados que nortearão as futuras gerações no que tange a compreensão do mundo e seu futuro.
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